No ano 2001... Se eu juntar algum...

segunda-feira, 31 de maio de 2010


Desculpem-me o atraso!

Vamos lá com o texto

Acordei... às 6 da manhã. Sabia que não iria vê-la. Este dia não tem nada de diferente dos outros... Aliás... Tem sim! é hoje que eu tiro minha licença! Já tinha algum na minha conta e já havia conversado com o chefe! Umas fériazinhas merecidas depois de tanto trabalho naquele guichê. Deus do céu! Enfim... Chega de enrolar, que hoje é dia de trabalhar! Botei meu uniforme... Tomei um cafézinho e deixei uma cartinha pra minha esposa antes de ir:

"Meu amor!
Hoje que eu entro de licença!! Estou ancioso para te ver amanhã a tarde!

Um grande beijo!

Te amo!"

Agora sim, estava pronto. Peguei meu ônibus... Imaginando como ela estaria agora... Provavelmente, morrendo de cansada, coitada! Ela trabalha tanto. Estava imaginando como deve ser botar toda aquela pompa todo dia. As serpentinas voando... Cheguei no meu trabalho, peguei o ponto. É até esquisito falar "peguei" o ponto, já que agora ele é biométrico, então você põe o dedinho lá e a moça fala "obrigada!" em voz de gravação. É... Tô ficando velho!

Entrei no meu guichê, virei mais um dia no calendário (5 de junho de 2001) que parecia que não ia acabar nunca, mas hoje ele acaba! A minha licença é finalmente hoje! Hoje eu entro de folga! Estava voando alto, pensando na minha folga... Na minha esposa...

-Acorda, moleque! Só porque vai tirar folga acha que pode ficar esnobando esse ar preguiçoso aí?
-Ooopa, Carlão! Pois é, né? Finalmente vou ver meu amor outro dia que não num fim de semana!
-Vai aí comemorando! Não dou dois aninhos e você já não aguenta mais olhar pra cara dela... Por essa coisa toda de horário que vocês dão tão certo!
-Hahaha!! Falou o que não tem mais de 20 anos de casado! Né, Carlão?
-É, mas eu não chego aqui todo dia com essa cara de bobo apaixonado... A rotina come essa carinha... E vamo trabalhar que o primeiro cliente chegou.

Chegou mesmo... Mas não chegou com aquele monte de clientes que sempre chegam... Parecia que eles sabiam da minha folga e resolveram vir aqui só amanhã. Hoje foi, atipicamente, um dia vazio no trabalho. Já fui pro almoço pensando que, pela tarde, o negócio iria... (é assim que os jovens dizem hoje?) Bombar!

Mas o mais engraçado é que nem bombou! Realmente... Deus foi muito benévolo comigo, e me deu uma folginha já antecipada! Carlão falou "deu sorte, hein?!" comigo o dia todo. Enfim... Deu seis horas, eu saí feliz, tranquilo e descansado do meu guichê, todos me deram abraços de despedida... escutei o "obrigada!" gravado outra vez, peguei meu ônibus e já rumava para casa! A única lástima era que não veria minha esposa hoje. Imaginava qual seria a cartinha de resposta que ela me mandaria...

Cheguei em casa às oito... Feliz porque estava de licença e porque não iria precisar de tomar meu lexotan que tomo todo dia, quase... o trabalho foi leve hoje! Mas, de repente...

-Oi, amor!
-Oi, linda! - Não acreditei!
-Eu não sei se você se lembra do juramento que eu te fiz há anos?
-Lembro, amor! Como não?!
- Pois bem... A minha plavra é como ouro! E, já que você entrou de licença... Hoje, o meu show é todo pra você!

E... Como ela me jurou, ela fez o show pra mim! Sim! Duididaidudim!
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domingo, 30 de maio de 2010


Enviada: 10 de junho de 2009, quinta-feira.

De: Alice (alicelfreitas@gmail.com)
Para: Nina (nicolina.lima@hotmail.com)

Ó céus, ó Nina! Você não vai acreditar no que me aconteceu!

Talvez eu fosse muito nova, pois não me lembro direito de ter escrito aquela cartinha pro Papai Noel. Depois que você me mostrou é que me veio à cabeça que eu tinha parado de acreditar nele desde que a vovó morreu. Me deu uma raiva, eu não sabia direito o porquê, só sei que descontei na minha crença no velhinho.

Bom, chega de conversa fiada. Tenho que ser breve porque daqui a uma hora estarei entrando em um avião! Além disso, o cyber café desse aeroporto custa os olhos da cara!

O negócio é que acabo de ser abordada por um senhor barrigudo e de cabelos brancos, e foi uma experiência meio bizarra. Ele estava desconcertado e ofegante, e chegou reclamando que eu era uma “criança” muito difícil para rastrear.

Eu me assustei no começo, mas achei sua aparência inofensiva. Perguntei quem era ele, disse que ele devia estar falando com a pessoa errada. Ele começou a tagarelar novamente: “Olha, me desculpe garotinha, comecei mal! É só que esse calor está me deixando maluco! Lá onde eu moro é um pouco mais frio. Só venho a lugares assim uma vez por ano, e tenho que ser bem rápido nas minhas visitas! Vim aqui dessa vez porque o seu caso, pequena Alice, é especial”.

Nina, ele sabia o meu nome! Você pode imaginar o quanto fiquei perplexa. E ele ia continuando, e me tratando como uma criança: “Aliás, não é a primeira vez que você me dá trabalho na minha época de descanso! Ora, o que estou falando? Não é problema nenhum, eu tenho um grande período de férias e é bom dar um tempo daqueles orelhudinhos que vivem me dando trabalho... Veja bem, Alice, vim aqui porque você uma vez me escreveu e me tocou. Palavras de crianças sempre tem esse efeito sobre mim. E eu sinto que fiquei em dívida com você. Sabe, criança, às vezes a vida já tem um plano pra gente. Nesses casos, eu não posso interferir. Era o caso da sua vovó. O que eu pude fazer foi ir acompanhando de pertinho a sua família, e ver como vocês são unidos me tranquilizou!”.

Era de se esperar que eu começasse a achar aquele homem um maluco, mas ele falava com uma honestidade tão grande... Eu não podia fazer nada, senão deixá-lo continuar.

“Fiquei surpreso esses dias, quando fui checar a sua família. Vocês ainda não se desapegaram da vovó Inácia, não é? Ó, querida... essas coisas da vida são complicadas mesmo. Tive que vir aqui falar com você, quitar essa dívida que temos há tanto tempo! O que vou te dar de presente não é nada material. Vim aqui te dar um pouquinho de fé, é só isso. Olhe pra mim, estou bem na sua frente. Quem hoje em dia coloca alguma fé que eu existo? Pois estou aqui para provar! E com o poder que me foi dado, posso também garantir pra você que dona Inácia vai muito bem, e teria sua tranquilidade eterna se você e sua família seguirem em frente, se fossem forem felizes! Só não posso te dizer onde ela está, querida, pois isso nem eu sei. Só te digo, menina Alice, que a vida tem dessas coisas. Às vezes ela nos deixa tristes, mas no final tudo tem seu motivo e tudo acabará bem.”

A essa altura, eu tinha certeza que aquele era a criatura na qual um dia eu acreditei piamente. Nina, você acha que estou louca?

Ele passou a mão na minha cabeça, disse “Até daqui alguns meses”, e foi embora.

E cá estou eu, embasbacada.

Pensando bem, não me importa quem era aquele homem. O que ele disse, mesmo se for fruto da sua loucura, fez total sentido. Às vezes o que a gente precisa é disso mesmo, uma maluquice que nos faz enxergar a realidade. Me deu muito o que pensar.

Só sei que vou guardar com carinho esse presente inesperado, e compartilhá-lo com você e com a mamãe.

Um beijo, estou com saudades!

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SAUDADES!!!

sábado, 29 de maio de 2010


De: Alice (alicelfreitas@gmail.com)
Enviada: Domingo, 30 de maio de 2009
Assunto: SAUDADES!!!
Para: Nina (nicolina.lima@hotmail.com)

Ninaa! quanto tempo que eu não recebo nenhuma notícia sua.. E que bacana que, agora que resolveu dar sinal de vida, fez de jeito né.. mil e uma perguntas e eu sou uma só pra responder, além de falar de muita coisa que vem acontecendo por aqui..
Tá, mamãe foi no tal médium sim, mas o cara não teve sucesso nenhum em contatar a vó.. sério mesmo, ela disse até que o moço se apresentou um tanto quanto perturbado na tentativa e não quis dizer o porquê, mamãe saiu de lá incomodada. E prima, eu ando tendo uns sonhos, neles a vó Inácia aparece e pede de um jeito bem sutil pra que a gente foque nas nossas vidas, que ela tá em paz..parecia tao serena.. Acho - acho nada, tenho é certeza - que isso é um sinal pra gente deixá-la quieta onde está..estamos criando tanto rebuliço depois de tudo, esse episódio dela tá durando bem mais do quando aconteceu com o vô Alberto. A questão é que eu não sei até quando isso é positivo pra gente..minha mãe não pára de me perguntar sobre a vó, e eu ainda não contei desse sonho. Quero passar a mensagem dela de um jeito que a família entenda que ela quer ficar em paz.

Sobre outros assuntos, até agora vou tentar Engenharia Ambiental. "até agora" porque parece um curso bom e a minha cara, mas eu estou perdida na vida..será que esse é meu caminho mesmo?? E a Tia Amana é, na verdade, uma puxa saco da sobrinha! hahahaha =] deu na telha dela de vir morar aqui, isso de me ajudar é desculpa ein.. to estudando tanto, que tiro de letra! de qualquer forma, a presença dela é mais que querida..
Ahh disso tudo só sei que, se eu pudesse pensar no vestibular dando uma olhadinha na torre Eiffel, eu estaria bem mais tranquila.. hahaha brincadeira, sei que você tá passando apertado por essas bandas francesas também. Estudo nunca é fácil.

E calma, que agora cheguei na parte do furacão do seu e-mail. Eu lembro demais de você indo à terapia, sabe aquelas lembranças isoladas de infância que a gente tem? eu tenho uma sobre isso.. na época, eu não entendia muito bem por que é que a minha prima ia ao médico dia sim dia não, justo na hora que a gente tinha pra brincar juntas. minha mãe me explicou: falou que você andava inventando algumas coisas na escolinha, que isso era perigoso de alguma forma e que você ia ao doutor, que era um moço bem legal, para descobri respostas.. mamãe nunca foi boa em didática infantil, então é claro que eu, criança, não entendi nada.. haha acabei ficando encucada mesmo.

Então.... quer dizer que a nossa cartinha te norteou pra Psicologia, seja lá o que isso signifique.. eu vou matutar mais sobre esse assunto, é muita informação. espero que você descubra se é mesmo o que você quer (que nem eu, né..) e que tudo dê certo nessa sua viagem. imagina que eu to te abraçando agora, tá? Sinto a sua falta demais..
Vou falar pro pessoal sobre a ideia de te visitar, mas já sabe né.. nem alimenta esperança demais porque agora que a Marta bateu o carro sem seguro, estamos com folga financeira ZERO. Talvez até o começo do ano a gente ganhe na loteria.. hehehe
Qualquer novidade sobre a vó, a tia Amana ou a minha mãe, eu tiro tempo do bolso pra te escrever de novo. espero o mesmo de você, ok senhorita???

Um beijo bem grande
Li

P.S.: To namorando!!! Lembra do nosso vizinho desde aquela época, o Pedro? vou me antecipar, EU SEI que ele é sete anos mais velho que eu, mas a gente dá tão certo.. depois te escrevo contando da história completa. =*
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sexta-feira, 28 de maio de 2010


De: Nina (nicolina.lima@hotmail.com)
Enviada: Qunta-feira, 27 de maio de 2009

Para: Alice (alicelfreitas@gmail.com)


Oi Alice!Tudo bem?

Aqui, desculpa o atraso do e-mail, estou cheia de coisa pra fazer, faculdade tá matando!Tenho um tanto de novidade!E vc também, né?

Bom, primeiro:sua mãe foi lá naquele médium mesmo?Como que foi?Ele conseguiu contato?Queria ter ligado semana passada, mas estou meio sem grana para fazer ligações internacionais e ninguém aí entra no Skype!Fiquei um pouco preocupada com tia Amana porque já tem uns dois meses que não sinto a presença da vovó, muito menos daquele jeito intenso que nós duas sentimos no dia em que ela morreu- acho que ela já está passando para algum outro estágio...só sei que ela não está mais preocupada com esse mundo, e não tenho certeza se alguém que já se desligou daqui consegue transmitir algo ao médium...lembra do vô Alberto?Pouquinho tempo depois de sua morte já não conseguíamos mais nos comunicarmos com ele, mamãe e titia ficaram tão decepcionadas!

Outra coisa que queria saber do você é quanto ao seu vestibular.Já decidiu que engenharia vai fazer?Martinha me ligou no final de Abriu e disse que Tia Amana estava querendo sair de Itaqualeciboa pra morar com você aí em São Paulo e te apoiar nos estudos, mas está difícil de acompanhar mesmo ou é a tia que está com saudades da filhota?xD

Anyway- dá uma olhada nas universidades europeias também !Se seu curso for mesmo a engenharia, tem um tanto de faculdade que pesca brasileiro adoidado aqui perto.Cá na França ainda não achei nenhuma suficientemente conceituada na área que te interessa, mas na Áustria e na Alemanha eu vi um tanto!E seria ótimo você por aqui, né, com essa rede de trens por todo o continente, daria para nos encontrarmos todo mês!=p

Por favor, me responda a essas perguntas assim que puder!!!Mande notícias, Li!

E sobre a minha nova vida parisiense...bom....eu tenho uma coisa meio bizarra pra te contar..estou na dúvida de se nasci para fazer Psicologia mesmo ou se essa obsessão pelo curso, que tive durante todos esses anos, não passa de um grande desencadeamento de sucessórias projeções do meu ego na tentativa de me defender...morar aqui está sendo super tranqüilo, já até tenho uns 5 amigos, meu problema não é por causa de adaptação. Mas é que minha mãe me mandou umas caixas com documentos que eu estava precisando e, dentro de uma delas, achei umas cartas antigassas, inclusive um trabalho da segunda série, em que a professora havia me pedido para escrever um texto dedicado a alguém querido, Alice, eu DEVIA ter entregado do texto para a professora! Eu não fiz rascunho, lembro direitinho, estava sem tempo porque você tinha me pedido para escrever uma carta antecipada pro Papai Noel porque estava aprendendo a escrever e ficou com medo de ele não entender o que pedia! Você tem NOÇÃO do que isso significa?? Quer dizer que eu entreguei a carta do “Papai Noel” para a professora! Por isso que eu fiquei tanto tempo fazendo terapia!

Deixa eu te explicar – talvez vc não se lembre porque era muito nova:

No meio de outubro daquele ano, mamãe começou a ir frequentemente na escola e não me deixou mais visitar a vó Inácia no hospital. Quando a doença dela deu aquela regressão milagrosa e ela voltou para nossa casa, lembra que vc deu a língua nos dentes que o “Papai Noel” tinha respondido a nossa carta? Mamãe brigou muito comigo, disse que eu estava colocando minhocas na sua cabeça, e me mandou ficar visitando toda semana o Dr Carlos, aquele psicólogo que me acompanhou até 2005 (só parou porque eu me mudei para SP por causa do ensino médio). Não estou te falando isso para vc se sentir culpada por algo, NEM PENSE NISSO, vc sabe mais que ninguém o quanto eu passei a amar aquelas sessões, e o tanto que aprendi sobre psicanálise por causa delas. Mas vc percebe que essa construção do meu amor pela pscicologia começou por causa de uma troca de cartas da minha infância? Será que esse lapso tão fortuito já deveria ser o suficiente para delinear meu futuro profissional? Destino ou por acaso? Ahh estou tão insegura! Queria que vc e Marta estivessem aqui... Vcs sempre me dão as respostas para minhas inseguranças...

Aliás, falando nisso, tava pensando se vcs não animavam de vir aqui no começo do ano que vem, logo depois do seu vestibular. O que vc acha? Meu flat estará vazio porque minhas colegas de quarto visitarão suas cidades, daí vc, Martinha, mamãe e Tia Amana podem ficar aqui, e se comprarem as passagens por agora, elas ficam muito mais baratas! Por favooooor, vcs vão AMAR Paris!!

Um beijo enorme!responde logo, benhê!

Nina
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Carta de Inácia Alvarenga de Lima

quinta-feira, 27 de maio de 2010


10 de maio de 2009
Amana Leninha, mais do que queridas Mamá e Nina, primeiro quero dizer que as amo. Agora posso felicitar a você, minha filha, por ter desepenhado o posto de matriarca da família com tamanha maestria. Não pense que deixei sua vida, não pense que não tenho visto seu esforço em superar a minha partida. Confesso ter ficado insegura por ter de forçá-la a cuidar de tudo sozinha, mas não podia mais prendê-la ao meu lado naquele hospital. Foram muitos meses e na hora de partir eu estava preparada, mas não tinha certeza se você estaria. Nossos queridos Alberto e Fabrício, me acordaram após minha passagem. Seu pai me ajudou a desapegar de meu corpo, e meu genro me convenceu que você estava preparada para seguir sem a minha intervenção. Por muito tempo me mantive ao seu lado, é difícil ver uma filha sofrer, mas é preciso seguirmos nossos caminhos. Receio que essa seja minha última carta, não poderei mais escrever. Criança não chore mais, alegre-se com a chegada de seu neto. Fico feliz com a nova casa, é bom saber que estão confortáveis. Não se sinta culpada por isso. Não tema a solidão nem a morte, pois elas não existem. Ainda nos encontraremos, em outras vidas ou no intervalo delas. Mantenha-se firme em sua fé. Agradeço pelas preces e até mesmo pelas lágrimas derramas. Lembre-se do tempo que passamos juntas e não do dia que nos despedimos. Nina, docinho, você não tem culpa alguma nem mesmo sua prima Alice. Nunca pude agradecer pelos doces de limão que vocês levaram. Obrigada pelo carinho, pelas visitas e conversas enquanto eu dormia. Aos meus filhos do coração, João e Luíz, cuidem-se bem. Estou em paz e em dia com a bênção da reencarnação. Esteja certa, filhinha, que com um beijo de todos os dias serei sempre sua mamãe.
Hoje e sempre
Inácia.
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Novo negócio

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Endereço irrastreável, 14 de Outubro de 1998.

Pequena Nina,
Recebi sua carta de natal antecipada, e reparei que usou um nome diferente para assinar a carta. Por quê? Sabe que o Papai Noel aqui tem seus meios de identificação de crianças! Não pense que fiquei chateado, como você mesma disse, não tenho muito o que fazer nesta época do ano e vi na sua carta uma ótima oportunidade para um novo negócio ! E gostaria que me ajudasse nessa empreitada, esperta criança.
Creio eu que existem por aí muitas crianças que precisam da minha ajuda fora da época do Natal, e que posso fazer mais do que entregar presentes! (não que meu trabalho seja pouco, é claro.) Tive a idéia de montar uma empresa para ajudar mais crianças a transmitirem seus sentimentos a pessoas que estão longe. O que você acha?
Deve estar se perguntado sobre sua avó, enquanto eu lhe falo de negócios. Para acalmar-lhe o coração, acrescento que fui à procura de sua avó, e que não a encontrei em hospital algum. Quando a encontrei, estava em casa, tricotando e conversando calmamente com sua mãe. Fiquei feliz de descobri-la saudável, mas logo me angustiei, pois meu primeiro trabalho havia fracassado!
Gostaria que me mandasse sua opinião sobre o caso, e se interessada, por favor, consiga-me novos clientes!
Peço-te, encarecidamente, que não conte aos seus coleguinhas que me comuniquei com você, ou serei descoberto, e logo deixarei de existir.
Agradeço sua atenção.

Papai Noel.
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Alice, amiga.

terça-feira, 25 de maio de 2010


Itaqualeciboa, 17 de Outubro de 1998

Helena,
sou Patrícia, professora da sua filha caçula, Nina. Antes que se preocupe, adianto: não há nada de errado com a postura dela, Nicolina é uma criança saudável, esperta, curiosa, que partcipa ativamente das aulas, está sempre disposta a ajudar os coleguihas e tem muita facilidade de serelacionar e aprender. Entretanto, estou um puco preocupada, como educadora infantil sei que crianças manifestam problemas e perturbações por meio de desenhos ou casos inventados. Na última quarta-feira pedi aos alunos que escrevessem uma carta, mas não di instruções para que eles inventassem alguma história, sugeri que fosse para um parente próximo.

Nina criou Alice, uma menina de uns 7 ou 8 anos. Alice escrevera uma carta para o Papai Noel em Abril pedindo ajuda para confortar sua avó (doente em estado terminal) e sua mãe. Para que compreenda melhor, pode pedir para sua filha ler a linda cartinha em voz alta.

A circunstancia me preocupou pois o fato de ela resolver criar uma realidade trágica, associada à morte, para um ambiente familiar mostra uma insegurança anormal. Ao ler a carta perceberá também que ela não mudou o nome da irmã Marta, nem da sua mãe, Inácia; há outros elementos muito significativos que acho que deveríamos discutir.
Gostaria que você viesse ao colégio para conversar comigo e com a psicóloga da escola ela poderá explicar tudo com mais detalhes e propriedade.

Atenciosamente,
Patrícia.
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Obrigado Nina Menina Feliz

segunda-feira, 24 de maio de 2010


Governador Valadares, 23/Abril de 2008

Papai noel,Desculpa mandar uma carta pra você tão cedo. É que eu estou muito preocupada. Minha vó Inácia tá muito fraquinha e eu queria entregar pra ela meu cartãozinho de dia das mães. Meus pais estão com medo de ela estar dormindo neste dia. Ela está deitada no hospital tem um tempão! Sei que o senhor é muito velhinho, e que sua vovó já deve ter ficado fraquinha que nem a minha. Daí eu tive uma grade idéia! De pedir a sua ajuda, porque o senhor não tem muito o que fazer assim tão longe do natal.

Você sabe que eu não sou boba papai noel! Eu escutei minha irmã Marta falando com a amiga dela que ia ser muito difícil para a mamãe, passar um dia das mães sem a vó Inácia. Eu sei que é feio escutar atrás da porta. Prometo não fazer mais isso. Também vi meu pai falando lá na cozinha que a vó Inácia precisava descansar. Vó Inácia fala que o senhor é muito bomzinho. Ela gosta muito de você papai noel, o senhor podia entregar meu cartãozinho pra ela pessoalmente pra mim? É este aí juntinho da carta. Mamãe acha que a vovó não vai estar acordada no natal pra ganhar presente. E ele tem um cheirinho de lavanda do cobertor da vovó. Ela adora dormir com esse cheiro. Assim eu sei que ela vai descansar! E a mamãe só vai passar o dia das mães do ano que vem com a vovó dormindo! Porque ela só vai descansar com o cheirinho da carta e o seu abraço quentinho. Viu como a idéia é boa? Obrigado papai noel! Te espero lá!

Alice (a menina loirinha que ganhou uma boneca de vestido rosa no natal passado)
(Obrigado, Nina... Seu texto é maravilhoso!)
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domingo, 23 de maio de 2010



Dessa vez tenho um espaço enorme, todinho pra mim. Nenhum formato pra caber, nenhum tema pra seguir. Basta escolher uma foto de qualquer coisa do mundo (que possa ser fotografada, é claro) e bolar um texto em cima dela. Quantas possibilidades. Por enquanto essa foto é só um espaço em branco na minha cabeça, com infinitas ideias preenchendo-o e desaparecendo rapidamente. Aquelas que me agradam mais ficam por um tempo maior, testando se são dignas de estarem ali. Mas logo vão embora também.
Já sei, vai ser uma foto da porta do meu quarto, com um texto sobre o mundo paralelo que crio quando entro ali. Mas talvez isso seja íntimo demais. Ou uma foto dos meus avós na Praça da Liberdade, 60 anos atrás. Eles estão juntos até hoje. Mas quem sou eu pra me dar ao luxo de relatar uma história tão grandiosa? Quem sabe uma foto do buquê da sala, “só pra não dizer que não falei das flores”? Uma foto do infinito estampado no mar? No céu? Uma paisagem campestre e um texto calmo? Um lugar urbano e um texto caótico?
Sabe, acabou de me ocorrer que qualquer escolha que eu fizer vai refletir, segundo os psicólogos, uma parte significativa da minha personalidade. Qualquer decisão será definitiva, e nenhuma parece boa o suficiente. Nenhuma parece conseguir abranger tudo o que quero mostrar. Bom, a verdade é que ainda nem sei o que tenho pra mostrar. As escolhas que eu fizer, pouco a pouco, vão se transformar na escolha de quem eu sou.
Quer saber? Eu não tenho que escolher agora. Prefiro deixar minhas opções em aberto e ir fazendo minhas escolhas com tranqüilidade, ao longo do tempo. Sei que serão muitas.
Essa página em branco fica aí, do jeito que está, representando esse infinito de possibilidades. E aguardando para ser preenchida em um futuro. Próximo ou distante, vai saber.
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Passageiro

sábado, 22 de maio de 2010


Ele sempre ficou às margens da sociedade. Ainda assim, reunia todo o seu orgulho para se encontrar com seus amigos na praça da Savassi, todo santo sábado à tarde. Ele quem? Pedro é o nome de batismo, mas é conhecido mesmo como Pedroca.
Pedroquinha segue um estilo alternativo, e graças a ele, é rejeitado pelos pais, tem alergia a sombra azul, pinta a franja de rosa e tem progressiva com 40% de formol no cabelo, contra todas as recomendações de cabelereiros. A parte boa dessa história é que nada disso é obstáculo para ele. Estuda perto de sua casa, adora a avó, que acha seu corte de cabelo uma "tendência contemporânea", tira fotos em sua Canon de frente para o espelho e faz o maior sucesso no Orkut. Tem Serginho do BBB como seu maior ídolo. Música predileta: "Meninos e Meninas", do Legião.

Hoje, Pedro tem um estilo de vida e acredita nele. Mal sabe que tudo é passageiro, e que seu destino final foi bem diferente do que ele, e todos que o julgaram, pensaram que seria. 30 anos depois, chegamos à cena inesperada do nosso protagonista conversando com seu subordinado em uma empresa de mineração:

- Cara, fiz tanta merda na adolescência..
- E eu, que fui emo?
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1903

sexta-feira, 21 de maio de 2010



Prezado Doutor,

   Essa imagem é para que você entenda um pouco do que eu sinto toda vez que um evento  "baratício" acontece na minha vida.Certamente o senhor não se esquecerá dessas figuras repugnantes logo que terminar de ler minha carta e, ao menos por um dia, elas ficarão retumbando em sua cabeça nos momentos mais inoportunos.
   Estou escrevendo isso porque sei que alguns de meus amigos tem lhe procurado para dizer que tenho sido atormentado por alucinações.A vez em que larguei meus papeis no meio da Faculdade de Direito e comecei a gritar por socorro foi meio exagerado,concordo. Mas o sr. tem que entender que, na maioria dos casos, não é assim: o meu terno acadêmico, por exemplo, realmente pinica de um jeito que parece ter um bicho assustador subindo em minhas costas, e minha irmã tem uma mania horrível de olhar para o  meu ombro como se um inseto de esgoto desgraçado estivesse pousado nele, pronto para pular em meu rosto.
   É que elas me perseguem.Sério.Esperam até eu quase me esquecer delas para retornarem a protagonizar as piores cenas de terror da minha vida. São traçoeiras mesmo- já até tentei manter um convívio civilizado, ficar no mesmo ambiente.Mas há um carma de ódio eterno delas contra mim.
   Tudo começou quando eu tinha dez anos.Costumava manter uma relação de distância e respeito à espécie, em suas esporádicas aparições.Um dia, meu pai trouxe do Mississipi uma garrafa de vidro linda com uma bebida recém-lançada de nome Coca-Cola, e me deu de presente.Estava super feliz com aquela coisa gostosíssima quando uma barata pulou do vão do sótão direto para meu copo.Quase bebi o negócio, meu pai que tirou de minha mão.Nunca mais consegui gostar de Coca-Cola.O sr. bem sabe que depois que começaram a vender isso em nosso país, não se bebe outra coisa- percebe a tremenda exclusão social na qual fui inserido por isso?
   Entrei num grupo de Literatura para me tentar desviar meus pensamentos deste problema e me encontrava bem-sucedido, até que o Sindicato do Nojo Extremo se lembrou de mim e extinguiu a minha paz.Desde então, já teve barata emergindo do ralo no meio do meu banho, barata voadora batendo nas minhas costas no meio da minha apresentação, barata escondida na minha carteira da escola.E é sempre num ciclo vicioso- aguardam até eu me recuperar do trauma anterior e, quando finalmente paro de andar olhando para todos os lados...ZÁS!NEEEEEIIIINNN!SCHEEEEEEIßEEEEEEE!!!Adeus, trabalho psicológico.
   Atualmente, acho que desenvolvi  esses pequenos surtos porque elas não esperaram o intervalo de recuperação entre um ataque e outro.Três semanas atrás, entrei no elevador da faculdade para depositar livros em meu escaninho e, não obstante ele parar por dez minutos entre os andares 9 e 10, DUAS baratas entraram pelas aberturas de ventilação e começaram a subir nas paredes laterais, de modo que eu só poderia me recolher, para não ter que passar por elas depois, na área da porta, que corria o risco de se abrir a qualquer momento. Depois da amostra grátis de horror intenso,meu único alívio foi pensar que demoraria pelo menos uns dois meses para elas me atacarem novamente. Entretanto, dez dias depois, a situação fatídica: estudava alegremente em casa quando, ao sair do quarto para buscar mais tinta para a caneta, tenho a oportunidade de observar, pelo espelho, uma barata enorme pousar no meu cabelo e se confundir com ele. Saí gritando e correndo para todos os lados da casa e, em sincronia de desespero e pavor, tropecei em meu pé e bati a cabeça na quina da porta, formando um galo do tamanho da maldita que me fez cair.Além de ganhar uma distorção estética até hoje perceptível em minha testa, tive que ficar duas horas preso na sala de jantar, esperando ela sair do corredor.
   Perceba, Doutor, que a situação não configura paranoia- são os fatos externos que se opõem a mim. Essa semana, por exemplo, já trombei provavelmente na única árvore do centro de Praga e na escada da escola de Alemão, visto que não consigo dormir de noite por saber que baratas podem aparecer a qualquer momento para me destruir.
   Se o senhor tiver alguma ideia de como me tirar dessa emboscada constante, por favor me contate o mais rápido possível. Caso isso não ocorra, peço para que converse com a pessoa que insistentemente marca consultas com o sr. em meu nome e explique a ela que estou totalmente bem e NÃO PRECISO de um tratamento psiquiátrico.Para o sr. ter uma ideia, já estou tomando algumas medidas para acabar com isso:interrompi o andamento daquele livro em que sonho ser uma barata ( falei-lhe dele na última consulta, lembra?) e estou focado em algo mais voltado para minha futura área profissional,a Penal, que não tem nada a ver com insetos!
Espero que o doutor entenda a minha situação e tão logo isso ocorra, posicione-se favoravelmente às minhas colocações.

Atenciosamente,

Franz Kafka.
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Depois... depois eu vou!

quinta-feira, 20 de maio de 2010



Cansei. Dessa vez fujo de verdade!
Ninguém se importa comigo - acho que fui adotada - ninguém me deixa fazer nada. "Não pega no bichinho, filha, tem germes"; "não ande descalça, o chão tá frio"; "chega de balas, seus dentes ficarão podres"; "nada de televisão, você não fez o dever". Outro dia pedi uma caixa de giz de cera nova, era tão legal, cheia de bolinhas coloridas e ainda brilhava no escuro! Adivinha o que a mamãe disse... "não filha, eles são pequenos demais, a sua irmãzinha pode colocar um deles na boca e 'passar mal'". Nem colocaria, eu não ia emprestar mesmo.
Vou pegar as malas da bisa; colocar as minhas pantufas do Garfield, meu vestido azul, meus DVDs da Alice e da Princesa e o Sapo; e depois... talvez eu pegue o biscoito Passatempo que está escondido atrás da lata de arroz. Depois... depois eu vou!
Ah, acho que vou leva o chapeu do vovô também. Ele esconde a careca com ele, quem sabe o chapeu não me esconde também! Pronto, ninguém vai me ver... e depois?
Depois eu vou pra lagoa da Pampulha esperar a próxima parada da Disney. Quando eles vierem eu vou embora! Dizem que eles vão pra terra de criança. Aí sim eu vou poder fazer o que eu quiser!
- Filha, fiz nuggets e batata frita, você vai querer?
Humm... batata frita...
Oh não, ela fez isso de novo!
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Anormalidades

quarta-feira, 19 de maio de 2010



Tenho, hoje, três amigos acima do peso. Não gordinhos gordos mesmo, e os admiro imensamente. São pessoas honestas, simpáticas, divertidas e que, não sei bem o porquê, possuem bem mais dotes do que os magrinhos. Alguns tocam instrumentos, outros escrevem. Os três praticam atividades consideradas extravagantes pelos conhecidos. Os três são muito bons nessas atividades.

Apenas essas características já os tornam pessoas que você gostaria de conhecer, mas existe ainda outra, a mais especial: Eles são gordos, e não se lamentam por isso. Não sei o que pensam, se algum dia se preocuparam ou se se preocupam todos os dias, mas sei que mesmo quando estão tristes, se sentindo impotentes ou rejeitados, não culpam a gordura. Invejo tamanha aceitação e os amo, ainda mais, por num mundo onde qualquer anormalidade é vista como um problema, me provarem que anormais são os que acreditam nisso.

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(in)interruptor

terça-feira, 18 de maio de 2010




Uma sala completamente vazia e escura. Caminhei em todas as direções e não encontrava absolutamente nada, o chão era perfeitamente liso, não havia paredes nem iluminação. "Como vim parar aqui?" "Engraçado, não consigo lembrar de nada... " Típico. Em um ato de considerável desespero comecei a girar, gritar e chorar. Até que encontrei uma luz que apontava para uma caixinha. "Juro que isso não estava aqui antes!" Comecei a andar lentamente na sua direção, era mais longe do que pensava, ganhei um pouco mais de confiança e acelerei para uma "caminhada apressada". Após 15 minutos em um mesmo ritmo decidi correr: "PAFF" - meu encontro com a parede. Olhei para cima e encontrei a tal caixinha. Um interruptor. "Talvez acenda alguma luz..."
CLICK
Eu estava certa, a luz acendeu, olhei e... "SAVANA???" Um hipopótamo perseguindo uma girafa! Uma musiquinha tocou, os animais saíram do meu campo de visão e, bem na minha frente, surgiu um Jacaré:
- Acho que elas precisarão de uma breve conversa para acertar os ponteiros!
- No próximo bloco, Stella, iremos receber no nosso programa, Mécor, um javali africano, sua namorada Sônia, uma zebra, e sua mãe Carmem, uma doce chita.
Assustada, apaguei novamente as luzes e todos os sons se foram. Depois de algum tempo resolvi reativar a iluminação, precisava encontrar alguma forma de sair e a visão poderia ser muito útil.
CLICK
Uma sala, "Tem alguém brincando de montar e desmontar cenários" Dei um passo para frente e entra uma mulher muito bonita, alta, vestindo um longo vermelho aveludado. "É por essa porta que vou sair." Ela acende um cigarro, caminha até o espelho e vê o reflexo de um homem:
- Cheguei tarde, princesa? Sentiu minha falta?
- Ro-Ro-Roberto? O QUE VOCÊ QUER AQUI?
- Nada de mais, doçura... Nada de mais!
- Calma, a gente pode conversar, eu não queria, não é o que você está pensando... AAAAAHHH
Corri e apaguei a luz na esperança de que tudo desaparecesse. Novamente retornei ao silêncio e à escuridão. E novamente pensei que precisava da luz acesa para encontrar uma saída. "Quem sabe o próximo cenário não é de um filme cult!" Um porão de madeira... Um cheiro forte de vômito, peixe e fezes, um balanço insuportável e muita gritaria. De dentro de uma caixa saem dois homens:
- Seu estúpido! Ai! Tira esse pé daí!
- Não foi de propósito. E você que colocou essa bunda gorda na minha cabeça, não vejo nada!

- Olha só! Anda, Beiçola, traga o pé de cabra logo! [alguns minutos de silêncio] Beiçola? -o lugar foi ficando mais claro, tão claro que não conseguia ficar com os olhos abertos, apenas ouvia- Beiçola? Beicosa? Becosa? Beiosaa? Ô Bia, acorda logo, menina!!! Vai se atrasar para a escola!
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segunda-feira, 17 de maio de 2010



A pena sempre voou de carona... quer dizer... sem as penas, passarinho nenhum voa. É ele que pega carona... mas, fazer o que!? ser leve nunca garantiu vôo a ninguém... Só que a pena fica lá... agarradinha na asa... subindo e descendo... balançando sem parar... mas ela acaba voando e sentindo o vento nos cabelos brancos.

A pena continua a voar de carona... só que nas viagens sem fim de vários textos... quer dizer, eu que vou pegar carona no vôo... porque as viagens sem fim são de textos que não são meus (hehehe) mas, fazer o quê?! Ter cabeça boa... ou ser criativo, nunca garantiu vôo a ninguém, mas a gente fica bem agarradinho na pena... e segue balançando-a com veemencia... quem sabe um dia ela não voa?
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domingo, 16 de maio de 2010


22/03: Aqui estou eu, em pleno século XXV e ainda não me acostumei com esse negócio de supermercado virtual. Esse sistema me parece assustadoramente impessoal, eu simplesmente digito o que preciso e em 12 horas aparece uma caixa pra mim na portaria com minhas encomendas.

Enfim, isso não me agrada. Eu estou precisando conversar com alguém, então vai ser com você mesmo, quem quer que esteja encarregado de ler o meu email. Vamos às apresentações. Meu nome é Hugo, tenho 31 anos, trabalho numa empresa de computadores e gosto de video games. As pessoas sempre me olharam estranho e eu nunca tive muitos amigos. Até agora, que tenho você! Que, aliás, está se mostrando um ótimo ouvinte. Minha lista de hoje será a de sempre:

-15 pacotes de miojo;

-2 potes de sorvete;

-3 caixas de Sucrilhos de chocolate;

-uma lata de legumes em conserva (mamãe vem me visitar essa semana);

-a Playboy em 3D do mês. Até mais!

05/04: Hoje cheguei no trabalho com meu carro novo, aquele modelo recém lançado que fica invisível. É claro que fica difícil achá-lo no estacionamento e ele eventualmente causa acidentes, mas é eficiente contra assaltos. Ah, e a moça da área de atendimento me chamou pra sair, propôs vir pra minha casa e eu acatei a ideia. Parece bem animada em relação ao carro! Ela vem amanhã, eu devo fazer algo pra comermos? Qualquer ideia pode mandar e colocar na minha conta!

07/04: Apesar de você não ter me mandado nada, meu encontro com Geisy ontem foi bastante agradável. Aprendi que mulheres não gostam de jogos de computador e nem de miojo, e parecem gostar muito de falar. Ela me deu dicas do que comprar pra sua vinda amanhã:

-2 latas de caviar;

-1 garrafa de Moet Chandon;

-8 velas artesanais.

Pode providenciar!

20/05: Finalmente alguém me aprecia nessa vida! Geisy se importa tanto comigo, vive perguntando das minhas condições financeiras! E anda falando de casamento também. Eu não sou tão mal afinal! Ela está certa, não há tempo a perder. Devíamos nos casar! Me mande aí:

-uma aliança de ouro bem bonita (ela disse que gosta das maiores);

-um buquê de flores variadas;

-2 garrafas de Moet Chandon;

-1 banda para tocar algo romântico durante meu pedido.

Fico feliz que os supermercados hoje são tão ecléticos em relação aos seus produtos. Deseje-me sorte!

05/06: Estamos casados! Foi rápido e discreto, diz ela que é assim que se casa atualmente. Hoje ela se ofereceu pra fazer a lista do supermercado, vai fazer um bolo de chocolate pra mim e eu não posso saber os ingredientes! Até mais, Geisy vai escrever agora.

- 1 caixa de leite;

- 4 ovos;

- 1 achocolatado em pó;

- 1 pacote de farinha de trigo;

- 1 lata de fermento químico em pó;

- 500 g de formicida.

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Aquisições


Postando pra laís também, porque ela viajou :



AQUISIÇÕES PARA UMA VIDA QUE VALHA A PENA
Por Lais

PARA A FAMÍLIA:
. 2L de tolerância
. 500g de afeto
. 3 pacotes de abraços
. 5 molhos de ajuda mútua
. 2 caixas de luzes de Natal

PARA OS AMIGOS:
. 200g de respeito
. 2 trabalhos em dupla
. 3 caixas cheias de cumplicidade
. 1 chip da vivo para ligações mais baratas

PARA A DANÇA:
. 5L de paciência com os mais novos
. 1 sapatilha nova (38, sou pezuda)
. 2 sachês de expectativa pro exame
. 2kg de superação

PARA MIM:
. 1 caminhão de criatividade para temas mirabolantes
. 4 pacotes de inteligência para fazer textos
. 1 abacaxi (desgraçado, se não estiver caro demais)
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Omeprazol


Mil desculpas, tava sem computador, não pude postar antes, mas aqui vai minha lista da semana :



Coisas para Dunas de Itaúnas
- Catuaba
- Roupa de Banho
- Toalha
- Biscoito
- Catuaba
- Dinheiro
- Chinelo
- Calças
- Catuaba
- Camisetas
- Vestidos
- Miojo
- Ipod
- Catuaba
- Hidratante
- FILTRO SOLAR
- Roupa de cama
- Pijama (?)
- Catuaba
- Óculos de Sol
- Rasteirinha
- Blusa de Frio
- Catuaba
- Bijuteiras
- Catuaba
- Omeprazol
- Catuaba
- Catuaba
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Ciclo de Tran

sexta-feira, 14 de maio de 2010


I- 14 Maio 2009

-1 Pacote com 8 fotos 3x4 em contraste
-1 pacote de lentes de contato Focus grau 3.5 positivo'
-Levar xerox
-CI
-comprovante de end.
-CPF
-Marc. exame
-Cheque  113 reais (pai)
OLHAR END. NO SITE.N ATRASAR!!

II- 28 Maio 2009

Comprar
-45 aulas (Almada  120 Havai 150 Prudente 180)
-Simulad.
-1 caderno com pauta pequeno q caiba na bolsa amarela


III- 23 Julho 2009

-entregar exerc.  de  Mec. e Cidadania pra Claudinha
ANTES de ir pra aula, comprar
-maquiagem, 3 pericas,5 chapeus,glitter- Galeria do Ouvidor
-bloco a4 colorido, cartolina (5), cola colorida - Kalunga
-revelar fotos Renan e do Sul - Kodak

IV- 19 Agosto 2009

-Tentar mudar de Profa.
-Fazer 6 aulas
3a. DESPEDIDA DO RENAN!
-saquinho de suco
-vodka
-COMIDA DE SAL

-Aparelho dental novo- 150 reais

V- 28 Setembro 2009

-Levar 65 reais pra pagar exame
-Mandar a Claudinha...sentar LÁ!
-Comprar a blusa azul com palavras da NP para sáb.


VI- 11 Dezembro 2009

-Presentes- Mae,
                 Pai
                 Cica
                 Zó

-1 envelope PAR AVION
-Viagens
-Mucuri- 1 misteira nova
             -1 pedal pra bicicleta
-Cumuru- OK
-Dunas- Aspirina
          -Engov
          -Pontin
- Comprar calmante pra amanha- fitoterápico

VII- 19 Fevereiro 2010

-comprar 2 ingressos pra FESTA RAYAN
Sáb´- GAMELEIRA 8H
-Ritmoneuran- 2 hoje e 2 sáb. no café
-Comprar livros (Del Rey)
-P.Jur. --Fiorelli
-Instit. Direito Civil--Caio M.
-Tratado de Direito Penal-- Bitencourt

VIII- 6 Marco 2010

N COMER NADA ANTES DO EXAME!!!
Gameleira 9h
-F.Surp. Cica  -40l refri
                     -Olhar cara da pizza com papai

IX- 30 Marco 2010

MINEIRAO 9H!!!AGORA VAI!!
-Dever Ing.
-Estudar Penal

X- 24 Abril 2010

-Gameleira 8h
- Xerox do caderno do Lucas da parte de TGDPII q tava no caderno que perdi (primeira semana)

XI- 14 Maio 2010

-Mineirao 9h
-ÚLTIMA CHANCE
-Cd Herbert G


XII- 15 Maio 2010

-1 Pacote com 8 fotos 3x4 em contraste

-1 pacote de lentes de contato Focus grau 3.5 positivo'
-Levar xerox
-CI
-comprovante de end.
-CPF
-Marc. exame
-Cheque 113 reais (pai)
-Mandar o Detran pra putaquepariu!
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Best Buy

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Fabinho, nem sei como te agradecer por comprar esses brinquedinhos pra mim. Você não faz ideia de quanto eu vou economizar com a sua ajuda.
Como eu sei que o seu inglês é sofrível escrevi um diálogo/lista com os itens.

[tecla sap]
Otexto em itálico supostamente estaria em inglês.

- Vendedor: Oi, tudo bem?
- Você: Oi. estou bem, e você? [antes que renda o assuntos ou comece a falar do tempo, comece]
Quero um GPS, Garmin - nÜvi 255W. Também quero o cabo pra conexão com o PC, ele é um item opcional, não é?
- Vendedor: Sim ele é. Mais alguma coisa? [pode ser que ele queria te mostrar outras marcas e modelos incluindo os profissionais, neste caso diga: - Não, obrigado, este está bom]
- Vendedor: Algo mais?
- Você: Sim. Um AX Pro Gaming Headset da Tritton. É aquele para Play Station 3, XBox 360 e Mac/Windows, né?
- Vendedor: Sim, esse mesmo. Mais algum item?
- Você: Não, obrigado, é só isso.
- Vendedor: Okey dokey. [essa é a hora que você sorri, vira as costas e vai pagar]

Pode ser que no meio do diálogo o vendedor improvise, faça piadinhas... Apenas sorria e concorde. Se ele não entender a sua pronuncia, que provavelmente será horrível, entregue esse papelzinho e sorria mais uma vez. Com certeza ele vai te achar um imbecil. Caso você fique envergonhado procure um vendedor com cara de portorriquenho e coloque seu portunhol em prática. Se ele fizer cara de "quecêtáfalando" diga que você é argentino, seu espanhol é diferente mesmo. Ele terá paciência.

Muito obrigado! Aproveite a sua viagem e tire muitas fotos. Quando você voltar a gente marca um churrasquinho na casa do Paulão.
Abraço.
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Mudança

terça-feira, 11 de maio de 2010


- 1 garrafa pet
- 1,5L gasolina
- pano
- fósforo


- algodão
- alcool
- luva
- máscara de gás
- facão
- canivete
- amolador
- saco plástico

- removedor de manchas
- alcool
- panos de chão
- fósforo
- sacos plásticos

- maquiagem
- enchimento de espuma
- roupa de freira
- Bíblia Sagrada
- Terço
- maleta
- imagens de Jesus

- passagem aérea para o México
- documentos falsos
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Feliz lista das mães

segunda-feira, 10 de maio de 2010


Oi de novo, gente!!! desculpa entregar o texto tarde... mas foi quando eu tive tempo de entrar no meu PC... eu me senti na necessidade de fazer um texto/lista em homenagem ao dia das mães... ficou muito ruim... e meio cansativo... mas, ei-lo:

1 despertador
1ml de saliva para acordar o marido
2ml de saliva para acordar os meninos
1 escova de dente
pasta de dente
mais 2ml de saliva
sabonete
shampoo
(uma resistência nova pro chuveiro)
creme
toalha
1 creme facial
mais 2ml de saliva (agora gritando)...

soutien, calcinha
calça lisa, preta
uma bata confortável, mas séria para um dia de trabalho
um sapato com salto, NÃO MUITO ALTO
um colar (julinha me deu esse)
0,5ml de saliva para acordar a julinha
1,5ml para o resto
1 relógio (é sempre o da minha mãe)
1 escova de cabelo
1 colônia

pão
manteiga
suco
leite
achocolatado
cereal matinal
filtro de café
pó de café
mais 4ml de saliva... Eles nunca acordam
serra de pão
faca de passar manteiga
xícara de café
adoçante
guardanapo
detergente
O BRINCO!!!

0,6L de gasolina para o carro (escola)
0,,824L de gasolina para o carro (trabalho)
2 garrafinhas de água
39ml de saliva

0,6 0,9L de gasolina para o carro (escola)
0,824 1,402L de gasolina para casa (trânsito)

arroz
alho e sal
feijão
coentro
batata
óleo vegetal
acém fatiado
tmepero completo
alface
rúcula
tomate seco
palmito
molho pra salada
forro de mesa
refrigerante (6ª feira pode)
refrigerante zero (eu não...)
colher de arroz
concha
pegador de salada
garfo para o bife
prato
copo
garfo e faca
guardanapo
2 vales transportes (condução da Maria)
pasta de dente
2ml de saliva
mais pasta de dente (bando de porcos...)
Papel A4 (O RELATÓRIO!!!)

0,13L de gasolina (judô)
1,213L de gasolina (trabalho)
2 garrafinhas de água
54ml de saliva
2,12L de gasolina (judô)
0,4L de gasolina (trânsito infernal!!!)
1 comprimido de neosaldina
roupa confortável
4ml de saliva (ninguém fez o maldito para-casa...)
1 livro de histórias (na verdade... 0,2 livro de histórias)
0,1ml de saliva (beijo)
0,8L de gasolina (levando às festas)
pó de guarana, ou red bull, ou mais café
mais 1,2L de gasolina (amigos pedidores de carona)
2ml de saliva (não deviam servir bebida nessas festas...)
pijama
pasta de dente
sabonete
resistência nova pro chuveiro (que gelo de água)
creme facial
0,2ml de saliva (mais beijos)
máscara pra dormir
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Abaixo a ditadura do abacaxis!

domingo, 9 de maio de 2010


Olá, queridos leitores! Não sei se temos algum, mas se sim, muito prazer! Sou a última que falta pra escrever aqui, porque meu dia é domingo e pra nós a semana começa na segunda. E só consegui fazer meu perfil hoje, por falhas técnicas. Ou psicológicas, o que preferirem. Eu realmente apanhei pra essa tecnologia, que agora se mostrou ser da maior simplicidade.
De qualquer forma, cá estou eu, e logo abaixo estará meu texto. Espero que gostem e que consigam ter uma ideia da maneira como eu vejo esse blog.

Todos já ouviram falar sobre uma fruta aparentemente inofensiva chamada abacaxi, certo? Pois bem, esse relato é sobre uma dessas criaturas perversas.

A história tem início numa grande plantação de eucaliptos em Moema, interior de Minas. O dono da fazenda fazia visitas ocasionais para administrar o crescimento das árvores, seriam cortadas dali a 6 anos. Em um passeio pela plantação, eis que ele percebe uma fruta bonita crescendo ali no meio, claramente perdida de suas semelhantes. Ele resolveu deixá-la amadurecer ali, para dar de presente a sua filha quando estivesse grande e suculenta. Eu digo, a fruta. Não a filha. Continuemos.

O solitário abacaxi ficou crescendo ali, se sentindo insignificante ao lado daquelas árvores imensas. Ao mesmo tempo, pôde aprender sobre o comportamento humano, sendo fortemente influenciado por este, já que não tinha ao seu lado outro abacaxi para saber se portar como tal. Começou então a criar uma personalidade de liderança malévola, conforme o único exemplar humano ao qual tinha acesso. Aprendendo também a ser ambicioso, resolveu que dominaria o mundo.
Cresceu, ficou forte e maduro, e finalmente chegou o esperado dia de partir para a cidade grande. Foi arrancado de suas raízes e colocado com cuidado na caminhonete, tudo com luvas especiais para conservar a textura perfeita.

Ao chegar e ser retirado da caminhonete, porém, provocou grande espanto. Não era uma fruta de textura perfeita coisa nenhuma, aquilo era uma máquina mortífera! Com pavor, depois de ter rasgado irreversivelmente as frágeis mãos humanas com sua pele cortante, o abacaxi foi deixado cair e saiu rolando, alcançando sua sonhada liberdade.
Poria agora seus planos em prática: dominaria todo o planeta! Seria a ditadura dos abacaxis!
Ficou sabendo de uma maneira rápida, capaz de alcançar todos os cantos do mundo, que por si só já dominava as facilmente influenciáveis mentes humanas: se chamava Internet. Criou um blog.

Encontrou sete jovens, naquela idade promissora de grande convicção e energia, futuros líderes daquela estranha espécie. Manipulou-os para que escrevessem para ele, a fim de compensar sua falta de braços e dificuldade de lidar com tal tecnologia. Prometeu-lhes que esta seria sua grande oportunidade de mudar o mundo. Conquistou-os. Controlava tudo o que escreviam. Fazia com que usassem sua criatividade para provocar nos leitores o mesmo sentimento de inferioridade e insignificância que sentia perto dos enormes eucaliptos, ao mesmo tempo que os fazia escrever sobre como os abacaxis eram criaturas admiráveis e seriam ótimos líderes. Os jovens escritores se sentiam cada vez piores, mas eram intimidados por aquela criatura, sendo cada vez mais controlados e oprimidos.

Até que um dia não aguentaram mais. A revolta era tamanha que aquele pequeno grupo iniciou sua revolução. Acontecesse o que acontecesse, eles não podiam continuar traindo seus princípios daquela maneira.
Corajosos, cortaram a imponente coroa de seu líder e fizeram nele uma esfoliação, para que sua pele cortante não representasse mais perigo. Mudaram o nome do blog para “Abacaxi Desgraçado”, para que sempre ficasse lembrada sua vitória e o infortúnio daquele perverso abacaxi, que acabou por apresentar um gosto agradável e servir de alimento para o grupo.
Hoje o blog serve como um espaço para exercer a criatividade livremente, e as únicas regras impostas para os escritores existem para desafiá-los a fazer textos cada vez mais mirabolantes conforme o formato que precisam seguir. Não mais produzem textos que visam oprimir as pessoas, mas com o simples intuito de fazer com que ambos escritores e leitores se divirtam. Aproveitem!

No Word deu 30 linhas, mas acho que aqui vai passar... Vocês relevam até eu pegar o jeito, certo? Até semana que vem!

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Uma história de abacaxi.

sábado, 8 de maio de 2010


Fernanda. Fernandinha não, Nandão. Cabelo vermelho, pintado aos doze. Tatuagem de um dragão nas costas, feita aos quatorze. Piercing na sobrancelha, furado aos treze. Piercing na língua, feito aos.. Calma, esse tá em processo ainda, aos quinze.
No estúdio, a carteirinha falsa de maior de idade espera em cima da mesa. Fernanda esfrega as mãos, apreensiva. Ansiedade. O piercer é gordo. Suor. Tensão. Xilocaína. Agulhão.. foi. E naquela semana, dá-lhe caldinho de feijão. E cara feia dos pais. E revirar de olhos. Agonia. Ferrinho trespassando a pobre língua inchada.
E Fernanda ao telefone com o piercer:
- Rrá buito inrrado!
- Tudo bem, é normal inchar. Só lembrar dos cuidados: nada de mastigar ou ingerir álcool no primeiro mês.
- Arrã.
Sábado, churrascão da turma. Nandão exibe seu trunfo, ainda que ele tivesse custado, temporariamente, a sua dicção. Qualquer festinha é assim, churrasco que não tem carne, nem refri, nem água..só álcool mesmo. E naquele meio, o pessoal se divertindo (pra não falar enchendo a cara), e ela na privação. Dúvida. Loucura. Decisão.
- Derre uma caimpivodka de abacarri!
E tomou uma. Duas. Três. Que abacaxi gostoso.. Nem sentiu nada! Isso é história do piercer, com certeza, álcool deve é desinfetar a coisa.. E era tão bom, isso não é conto do Drummond que o abacaxi decepciona não, esse era delicioso e Fernanda se esbaldava cada vez mais. Música alta. Abacaxi! Álcool no cabelo. Povo enlouquecido. Abacaxi! Fernanda dançando em cima da mesa...
......

Hospital. Dor. Olhos pesados. Mas assim, abrindo devagar, até que ela suportava a claridade... Garganta seca. Precisava de água. O que tinha acontecido? Duas amigas se aproximavam e ela distinguiu na conversa delas: "Nandão caiu da mesa.." Será possível! Nem bêbada ela ficou.. Precisava de água, definitivamente. Abriu a boca para pedir. Dor. Ardência. Estrelas. Olhou no vidro que separava sua cama do corredor do hospital a bola roxa amarelada que correspondia à sua língua. O piercing se escondia por ali.. Desespero.
Duas semanas depois, Fernanda se recuperou. Teve que tirar o piercing, é verdade, mas sobreviveu. Calma de novo, e onde entra o abacaxi desgraçado nessa história confusa? Bem, eu posso até ter me esquecido dele agora, mas tenho certeza que, a partir daquele dia no hospital, ficou marcado na vida da velhinha semi-surda da enfermaria ao lado o grito raivoso de Fernanda ao ver sua língua pós-álcool:
- Abacaxi desgraçado!!!
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De abacaxis (e) do mundo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010


Sempre quis saber por que “desgraça” virou sinônimo de algo detestável e desastroso.O prefixo latino “des”, que acompanha a palavra, é usado para indicar o fim,o oposto ou o mau uso do que formam as letras restantes.Logo, um indivíduo desgraçado nada mais seria que alguém incapaz de produzir graça, como aqueles que fazem piadas sobre pontinhos-no-meio-de-qualquer-coisa ou seres suficientemente estabanados para serem vistos como total destituidores de elegância.

Entretanto, elementos desgraçados, no Brasil, são também símbolos de miséria e infelicidade,chegando, em muito, a ser objetos de ódio e repulsa alheia.O dicionário elenca uma série de adjetivos desagradabilíssimos para seres classificados desta forma,enquanto a etimologia só se refere à falta de charme e humor.Mas talvez seja por isso que ex-namorados, amigas-da-onça e políticos sejam tão detestados:não tem graça o suficiente.
Como os abacaxis. Nunca vi uma fruta tão rejeitada pelas pessoas (alergia,dizem) e que machucasse tanto.Por fora é maravilhosa e tem um perfume muito atraente, e sua coroa a faz parecer de imensa imponência e respeito.O fato de se encontrar disponível em qualquer bairro que tenha espaço para um caminhão com alto-falante é de levar a pensar em uma fartura ensandecida, capaz de fascinar passantes.Mas um contato mais próximo retira qualquer tipo de ilusão positiva: é um fruto dificílimo de se abrir, seu manejo pode machucar devido à acidez de sua essência.O gosto é muito prazeroso em alguns momentos, mas repentinamente se torna muito azedo a ponto de provocar caretas involuntárias.Sua coroa não serve para nada: é um esteriótipo de poder que só dificulta a aproximação das pessoas,arranha, alfineta e enfeita temporariamente festas convencionais.Não há sinceridade em meio a tanto glamour.Um desperdício de matéria orgânica completo.


E isso, para mim, não possui a menor graça.


[/quebrando o clima descontraído, mal aí]
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Querido Diário

quarta-feira, 5 de maio de 2010


Querido diário, faz muito tempo que não conversamos, eu sei. Sabe como é, com o advento da glogalização as canetas de pena e os pergaminhos perfumados foram deixados de lado. Nosso ritmo de vida é outro, prefirimos pagar alguém que faça as nossas anotações. Costumava recorrer aos seus serviços nos momentos mais dramáticos da minha infância feliz; era o ursinho "Cheiro" que no alge de sua maldade se escondia no Mundo Perdido do Beleléu, a coleguinha pop que nunca me chamou pra brincar de "Patricinha" porque eu insistia em usa seu baton como giz de cera, ou quando a minha cadela "Tiotiojoe" comeu os meus coelhos brancos. É, faz tempo...



Um pouco mais do que oito primaveras completas, desisti de criar coelhos. Desejo compartilhar um fato (não dramático, mas pseudo traumático) que confirma a minha crença na capacidade de transformação das pessoas. Otimista, ingênuo? Não, meu caro, é fato!



Tudo se passou em uma noite de sábado primaveril. A temperatura era agradável, o céu estrelado, de longe se ouvia "Sweet Home Alabama", o tilintar de canecas e gargalhadas entortadas pelo excesso de álccol. Era o mais tradicional dos bares daquela ilha charmosa e eu havia me preparado para viver uma cena de filme. Escolhi um vestido bonito, mas confortável o suficiente pra que eu atravessasse a madrugada dançando rock, bebendo Grey Goose e Bud Light; valorizei ao máximo minha latinidade; coloquei minha ID na bolsa e misturei-me às figuras "exóticas" fantasiadas de Hulk e Mulher Maravilha. Quando já procurava um cantinho na balcão sou surpreendida por um negão de dois metros de sutaque sulista pesado. Ele não parecia feliz, pediu meus documentos e me fez igualmente infeliz. Eu era jovem demais para estar alí, devia me retirar! "Como assim? Tenho vinte anos completos!" disse no desespero. "Exatamente, daqui um ano você volta" ele disse. Não existia jeitinho brasileiro que o convencesse do contrário. Naquele momento me transformei em um abacaxi desgraçado, com longos cílios negros e echarpe cor de mel. A única juvenil do grupo! O abacaxi do grupo. Agora, de volta aos meus tempos de juninha, desenterro você, caríssimo diário, da minha caixa de lembranças para contar mais umas das minhas desventuras.
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Abacaxi com hortelã


Era uma vez um abacaxi. O pobrezinho foi plantado com o propósito de ser feito de suco, nasceu sabendo disso e aguardava nada ansioso, pelo dia em que seria transformado. Sem ambições nem maiores propósitos na vida, já havia se conformado, sem lutar para mudar seu destino. Outras frutas que também tinham sido plantadas para fins líquidos e nutritivos tentavam desesperadamente fugir - algumas até conseguiam - e estranhavam a fácil aceitação de um destino tão triste quanto o delas. Não querendo ser contestado sobre sua opção de vida, o abacaxi não dava papo para as frutas. Não deu muita bola quando lhe disseram que seu fim estava próximo, e que haviam escutado cozinheiros falando que ele não seria triturado sozinho. Elas o ofereceram ajuda, planejaram uma rebelião. Não interessado, o abacaxi foi dormir. Assim que acordou sentiu um cheiro forte, diferente. Pensou ser uma fruta nova e enxerida, desafiando os limites de comunicação que ele colocara. Quando foi averiguar, descobriu que não se tratava de uma fruta, e sim de uma folhinha aveludada - hortelã. Perguntou o que ela estava fazendo ali e ela lhe disse que viraria suco. Mas não parecia compartilhar nem da opinião das frutas nem da do abacaxi sobre a vida que lhe fora destinada; parecia contente. Disse-lhe que servia a um propósito maior, e que não se importava em dar a vida para melhorar o sabor de um suco. Disse também que o abacaxi deveria se sentir honrado em ser a fruta principal de um suco. O abacaxi soube que ela nunca entenderia: não era honra virar suco, era fato. Para isso são feitas as frutas, e é pro liquidificador que elas vão. Pensou em discutir teorias, mostrar para hortelã a dura realidade do mundo, mas descobriu-se alegre com a nova companhia, e ficou surpreso ao se ver contente, já que não seria um suco qualquer. Seria um suco de abacaxi desgraçado com hortelã sonhadora.
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Maleta amarela

terça-feira, 4 de maio de 2010


Imagine: você é uma possoa politicamente e moralmente correta e tem um filho de 2 anos, por isso os ditos “palavrões” não fazem parte do seu vocabulário. Agora, hoje é domingo, o relógio marca 21:37, hora de começar a se preparar para dormir. Você, como a pessoa orgazanizada que é, repassa seus afazeres do dia que passou, confere: tudo foi feito; repassa as tarefas para o dia seguinte, confere: está tudo encaminhado. Pedrinho, seu filho, não está mais agitado como há uma hora atrás, você o pega no colo, coloca-o na cama, aguarda precisos 7 minutos após jurar firmemente que o armário só guarda brinquedos, e o observa adormecer. Já são 21: 57, você retorna calmamente até sua cama, beija a pessoa que dorme ao seu lado e inicia seu descanso.
Nota-se que você, ao começar a ler esse texto, adotou uma rotina de vida extremamente chata e controlada. Assuma o personagem, encare isso como um roteiro a ser seguido. Sua vida é pacata, demonstrações de afeto são raras, e surpresas, mais raras ainda, todos os passos pertencem a um cronograma que foi minuciosamente revisado. A semana está quase terminando, você confere os dias anteriores: nenhuma pendência; confere o dia seguinte: está tudo em andamento e a programação não lhe remete nenhuma emoção especial.
Dia: 17/11/2017 – 3a Sexta-feira do mês – Sexta do Xadrez
-Casa: Banhar Stella*(bulldog da família), passar pomada nas assaduras, dar os remédios para a sarna demodécica e tratar os ferimentos causados pela mesma. Preparar lasanha de aspargos.
-Pedrinho: Ajudar no trabalho sobre animais e continuar a lição de leitura.
-Trabalho: Entregar relatório anual de vendas (cuidado, cópia única), entregar para Anigrey os papéis da festa de 100 anos da empresa, assinar os contratos do novo sócio e enviá-lo para a diretoria e anexar as fotos da campanha reestruturada. (Maleta amarela )
-Xadrez: reunir as amigas da mamãe para a semi-final do torneio de xadrez.
Chega o dia 17. Como de costume, você acorda, prepara a mesa do café, lava a louça do dia anterior, faz o lanche do Pedrinho, toma banho, se veste para o trabalho, pega a maleta marrom e se dirige para o serviço.7:00.
Ao entrar no prédio, encontra Anigrey, que já o aguardava. Com uma bela expressão de porta você entrega a maleta marrom e continua seu caminho. Ela abre e encontra vários desenhos lindos do seu filho, fica encantada, mas, infelizmente, eles não asseguram seu emprego. Demora para que você note que a moça não o está seguindo com diversas informações desesperadas. Somente qualdo olha pra tras você vê o cenário caótico: o chefe saindo do elevador, os desenhos do seu filho no lugar dos documentos, o zíper da sua calça aberto, sua blusa ao avesso, os chinelos de praia nos seus pés e as iscas de peixe no lugar de suas chaves, você não aguenta, não está sonhando! Sua mente é tomada. Um turbilhão de palavras começam a surgir, sua face está queimando, nada faz sentido. Tenta encontrar sua agenda, a outra maleta, um buraco, um travesseiro, qualquer coisa que o conforte e o livre dos pensamentos. Nada adianta, alguma dessas palavras vai ter que sair! Seu coração não cabe mais em seu peito, há tempos não era pego de surpresa. Tem que selecionar rapidamente a mais aceitável delas: “desgraçado”. Você quer muito gritar, sente ódio de si mesmo, DESGRAÇADO, não, ainda não pode sair. Passa os olhos rapidamente: o chefe :“chefe DESGRAÇADO”, logo veta; Anigrey: “Anigrey DESGRAÇADO”, ainda é grosseiro, as frutas... não! Tem que ter efeito, oxítona... uma palavra oxítona – continua a observar a mesa … uva, banana, laranja, pêra, abacaxi.. de repente sai o tão esperado grito “ABACAXI DESGRAÇADO!” Todos o observam surpresos, você abandona o emprego, volta pra casa, cancela o xadrez e decide que a partir de hoje será espontâneo! Procura uma caneta colorida, um pacote de guardanapos e começa a anotar: “Atividades espontaneas para um desempregado:”.
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Apresentando, descascando e diminuindo o C.S.A.

domingo, 2 de maio de 2010


Olá leitor(a)(s)... Sou o filósofo da pochete azul, e vou começar a escrever neste blog. O legal é que o meu primeiro texto é, também, o primeiro texto do blog... Apesar de não ser o criador, eu vou inaugurar o abacaxi desgraçado... Vai ser uma aventura e tanto, porque não tenho ninguém pra copiar, hehehe... Mas eu vou fazer meu melhor pra tentar te entreter de alguma forma...

Para começaro blog, vinha pensando em um texto que o apresente para o leitor, 'adoce' seus olhinhos para que o mesmo volte no site e leia mais vezes as bobagens escritas. Vai falar de como os 'escritores trainee' são organizados, dos temas semanais, suas particularidades, limitações... e que eu vou publicar meu texto toda segunda... (isso mesmo... eu vou sempre abrir os temas, sempre terei o revés, de não poder usar o 'jeitinho brasileiro' do "tudo se copia", pra escrever).

Mas quem me dera fosse só isso! Ah, não! Aléxia não me deu um desafio simples desse... além de me botar um limite de 30 linhas, falou que meu texto deve ter sentido com o título do blog! Título que não é "textos introdutórios para blogs", mas uma coisa maluca, que só pode ter vindo de alguma daquelas gavetinhas bem escondidinhas do subconsciente da pessoa que inventou... onde já se viu! Algo tão estranho ser nome de blog... Devia ter uma regra pra isso na internet:

"Cara sra. Aléxia,
Sua página não pode ser inaugurada, pois, segundo a política da nossa empresa, blogs com nomes que superam a escala 4 na C.S.A. ('capacidade de ser avulso') são vetados pela nossa equipe.

Gratos

Equipe Blogspot™ de manutenção do bom-senso"

Mas aqui me encontro, (prometi, né?) às 23:07 do domingo, pra escrever o bendito! De frente pra tela, enquanto olhava pro campo branco a ser escrito,(sem nenhuma idéia!) fiquei pensando:
"Ai! que BOMBA que a Leca botou na minha mão... nunca que um leitor vai ler um texto desses e vai gostar... Que DESGRAÇA de ABACAXI que é esse!!!"

Mas... peraí! É esse o texto! Essa tal 'bomba semanal', que a Alguém vai jogar na minha mão toda segunda, é o prórpio 'Abacaxi Desgraçado' do título do blog! Abacaxi que eu e todos os outros vamos ter que descascar do nosso jeito, só que, ao invés de faca... usamos as coisas que aprendemos a usar... Pra que, depois de algum tempo, quando a mão tiver cheia de band-aid de tanto furar com os espinhos e com aquela folha dura e pontuda, algum leitor olhe pro nosso 'queridinho desgraçado', já descascado, e diga "É... até que tem graça..." (linha 29... ufa!)

Tá aí, gente! até segunda que vem! E que venha o próximo abacaxi!!!
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