vergonhinha na cara

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


bom... Resumindo eu nasci... mas eu nasci com duas características que vivem brigando...

a primeira é a que eu nunca quis chamar atenção. Eu sempre quis ser só mais um do coral, só mais um da minha sala, só mais um fazendo o trabalho tal, ou a maquete tal, ou o blog tal, ou o texto tal. Nunca quis fazer nada que me destacasse... Porque odeio responsabilidade. Dá preguiça pensar no que fazer, treinar pra um solo, estudar para fechar uma prova, caprichar para uma margem bonita, ou uma construção sólida, procurar um layout maneiro, ou mesmo procurar o que pensar para ser criativo.

Nunca quis me destacar porque prego que fica pra fora, leva martelada... Mas eis que surge a segunda característica que realmente confunde tudo!

eu me vislumbro muito fácil... É só aparecer a oportunidade de me destacar, que eu fico sonhando... Basta só alguem me falar que é possível, (mesmo que seja a minha mãe) que eu quero ser o melhor dançarino, o melhor solista, o primeiro na sua vida, um ator famoso, um engenheiro competente...

Não tem porque uma autobiografia... A minha vida é toda um loop entre preguiça e vislumbre, preguiça e vislumbre... Ia ser contar um monte de coisa inútil!

Mas esses loops são interessantes... Porque assim eu meio que consegui um meio termo muito agradável... Eu me destaco... Sinto as pessoas me elevarem... daí eu desisto e satisfaço minha preguiça. Posso pensar que não fui o melhor porque não quis. Mas eu não penso assim... Tenho mesmo é preguiça das coisas... daquela responsabilidade toda e blá blá blá...

Cuidado! Nunca confie numa pessoa como eu para um trabalho bem feito, um solo perfeito... Mas se mesmo sabendo disso, você quiser algo feito por mim... aí vai uma dica: Encha minha bola e eleve meu ego nas alturas... Meu maior domador mostrará o caminho das pedras pra mim mesmo...

Dessa vez eu demorei a postar porque tive de tomar coragem... Lendo a realidade, quem sabe, a gente não toma, de leve, uma vergonhinha na cara?
► Leia mais...

Autobiografia

domingo, 5 de setembro de 2010


Falante, tímida, engraçada, quieta, dançarina, desengonçada, inteligente, desconcentrada, amiga, rancorosa, orgulhosa, criativa, precisa, redundante, abstrata, sucinta, prolixa, carinhosa, desapegada, infantil, madura, indecisa, indecisa de novo, coração mole, racional, sonhadora..

Um turbilhão de contradições.. Ainda assim, eu.
► Leia mais...

Autobiografia

sábado, 4 de setembro de 2010


    O vilarejo que vou descrever é no interiorzão de Minas e tem só uma rua principal, que começa na placa “Bem Vindo(a)”, passa pela pracinha e termina na igreja.

   Perto da pracinha, mora uma velha atriz em um sobrado com vista para o coreto. Já se aposentou há muito, e agora pouco sai da sua terra natal, mas adora receber as crianças da vila para comer pé-de-moleque e lhes contar as histórias de suas peças do tempo de moça. Logo ao lado, uma família de cinco pessoas mantem um barulho contínuo na parte central da vila. São as três adolescentes em crise enlouquecendo seus pais: a mais velha, meio riponga, inventou de comer flores do jardim da praça e fica cantando o dia inteiro a canção “Lucy in the Sky with Diamonds”. A mais nova, metade do cabelo azul-verde-desbotado, roubou a corrente de prender o cachorro e vai para a escola com aquilo na cintura, fazendo cara feia pras pessoas na rua. Mas o que dá mais trabalho pro casal de advogados da vila é a filha do meio: com treze anos cismou querer ser modelo e, por se aliar à agência da cidade vizinha, já desfilou até em São Paulo!
   A única igreja existente é uma confusão só: o altar tem Santo Antônio,três Budas, Nossa Senhora Aparecida, um baguá bem no centro, o livro de Allan Kardec aberto e um enorme Yin e Yang no teto.A cerimônia do padre compreende todos estes elementos, o que satisfaz muito os moradores, fiéis àquela estranha instituição. Mas não é só em horário de missa que o padre deixa a região da igreja cheia de gente:bem atrás dela é onde fica a sua casa, onde moradores de todas as idades costumam ir para pedir conselhos, auxílio nas decisões.Quem gosta muito disso é a esposa do padre- além de manter a mesa repleta de quitutes mineiros, adora levar os visitantes ao quintal para ver suas plantinhas, em especial o belo jasmim, que faz uma sombra deliciosa no final da tarde.
   O vilarejo não recebe muitos visitantes.Volta e meia aparece alguém com uma idéia nova pra instalar na vila, mas logo percebe que não vai rolar e volta pra casa.O último que veio e ficou é um dançarino de dança de salão que dá aula pras mocinhas todo sábado a tarde.Ele é meio desengonçado, coitado, mas suas intenções são boas.E a música ressoa na vila inteira, fazendo todo mundo se mexer um pouquinho.
   Há uma série de moradores esquisitos neste pequeno interior no meio do nada. Tem um cara que fica o dia inteiro fazendo vocalize dentro de casa, mas não tem coragem de cantar pra ninguém.Tem a professora de português e inglês, que faz palhaçada pras crianças gravarem a matéria, o rapaz cachaceiro do buteco copo sujo que volta e meia está rolando na grama de algum lugar, umas meninas muito tímidas que ficam vermelhas toda vez que não sabem o que dizer,tem um cara que tenta tirar carteira de motorista há uns dez anos, um senhora totalmente apaixonada por ninguém sabe o quê,um escritor todo maluco, tem a turma dos esportes radicais,uma galera cujo prazer em estudar, outra que prefere fazer nada...
   É muita gente diferente para uma “cidade” tão pequena, de fato.Mas são como uma família.É uma delícia ver como todos se dão bem, se visitam,interagem entre si. E como toda noite, ao se reunirem no coreto da pracinha, fazem os meus sonhos mais lindos.
► Leia mais...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Águas tranquilas são profundas.
► Leia mais...