Querido diário, faz muito tempo que não conversamos, eu sei. Sabe como é, com o advento da glogalização as canetas de pena e os pergaminhos perfumados foram deixados de lado. Nosso ritmo de vida é outro, prefirimos pagar alguém que faça as nossas anotações. Costumava recorrer aos seus serviços nos momentos mais dramáticos da minha infância feliz; era o ursinho "Cheiro" que no alge de sua maldade se escondia no Mundo Perdido do Beleléu, a coleguinha pop que nunca me chamou pra brincar de "Patricinha" porque eu insistia em usa seu baton como giz de cera, ou quando a minha cadela "Tiotiojoe" comeu os meus coelhos brancos. É, faz tempo...
Um pouco mais do que oito primaveras completas, desisti de criar coelhos. Desejo compartilhar um fato (não dramático, mas pseudo traumático) que confirma a minha crença na capacidade de transformação das pessoas. Otimista, ingênuo? Não, meu caro, é fato!
Tudo se passou em uma noite de sábado primaveril. A temperatura era agradável, o céu estrelado, de longe se ouvia "Sweet Home Alabama", o tilintar de canecas e gargalhadas entortadas pelo excesso de álccol. Era o mais tradicional dos bares daquela ilha charmosa e eu havia me preparado para viver uma cena de filme. Escolhi um vestido bonito, mas confortável o suficiente pra que eu atravessasse a madrugada dançando rock, bebendo Grey Goose e Bud Light; valorizei ao máximo minha latinidade; coloquei minha ID na bolsa e misturei-me às figuras "exóticas" fantasiadas de Hulk e Mulher Maravilha. Quando já procurava um cantinho na balcão sou surpreendida por um negão de dois metros de sutaque sulista pesado. Ele não parecia feliz, pediu meus documentos e me fez igualmente infeliz. Eu era jovem demais para estar alí, devia me retirar! "Como assim? Tenho vinte anos completos!" disse no desespero. "Exatamente, daqui um ano você volta" ele disse. Não existia jeitinho brasileiro que o convencesse do contrário. Naquele momento me transformei em um abacaxi desgraçado, com longos cílios negros e echarpe cor de mel. A única juvenil do grupo! O abacaxi do grupo. Agora, de volta aos meus tempos de juninha, desenterro você, caríssimo diário, da minha caixa de lembranças para contar mais umas das minhas desventuras.
Você está em: Home » Abacaxi Desgraçado » Estilo Livre » Kate »Querido Diário
Querido Diário
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Posts Relacionados
9 Comentários:
- Filósofo da pochete azul disse...
-
mto doido!!!
e o mais normal de todos... tá de parabéns... a única do blog que consegue se comunicar com seres humanos normais!
parabéns msm, kat... mto charmoso o txt -
6 de maio de 2010 às 00:05
- Aléxia disse...
-
"Charmoso" é exatamente a palavra!E eu acho até que os outros conseguiram se expressar sim, o diferencial deste texto é a facilidade para construir com detalhes as cenas desta história!Vi direitinho a morena cor de jambo com sua echarpe cor de mel em volta do pescoço, talvez até com um vestido verde escuro, quem sabe...
E sobre o barrada-no-baile-o-estrangeiro-para-maiores-de-vinte-e-um-anos, qualquer semelhança com experiências passadas só é méra coincidência, né?hauahuah xD -
6 de maio de 2010 às 16:44
- Ciça Alvim disse...
-
Aliás, charme é a especialidade da Kat, né! Adorei!
-
6 de maio de 2010 às 19:11
- Pocahontas disse...
-
no .. ficopu muito bom !
charmoso e ' visível '
ameey o juninha ! hahah me lembra dias meio insanos sabe ? hihi -
6 de maio de 2010 às 22:22
- Katarine Inis disse...
-
Haha... agradecida!
Pocks o "juninha" foi em sua homenagem! -
7 de maio de 2010 às 08:58
- Aléxia disse...
-
então devia ser julinha,não?=p
-
7 de maio de 2010 às 17:08
- Katarine Inis disse...
-
Trocadalhos do carilho... como não, minha jovem!
=P -
7 de maio de 2010 às 17:49
- Lais disse...
-
eu não entendi muito bem =(
-
8 de maio de 2010 às 10:27
- sandra camara disse...
-
gostei Kate. O bom dessa coisa de ser barrado uma vez é a sensação de que um dia vc terá esta "autorização" e poderá entrar e usufruir de tudo, sem problemas, sem limites, só prazer! Como foi a leitura de seu texto! Muito legal!
-
10 de maio de 2010 às 11:40
Comente