Alice, amiga.

terça-feira, 25 de maio de 2010


Itaqualeciboa, 17 de Outubro de 1998

Helena,
sou Patrícia, professora da sua filha caçula, Nina. Antes que se preocupe, adianto: não há nada de errado com a postura dela, Nicolina é uma criança saudável, esperta, curiosa, que partcipa ativamente das aulas, está sempre disposta a ajudar os coleguihas e tem muita facilidade de serelacionar e aprender. Entretanto, estou um puco preocupada, como educadora infantil sei que crianças manifestam problemas e perturbações por meio de desenhos ou casos inventados. Na última quarta-feira pedi aos alunos que escrevessem uma carta, mas não di instruções para que eles inventassem alguma história, sugeri que fosse para um parente próximo.

Nina criou Alice, uma menina de uns 7 ou 8 anos. Alice escrevera uma carta para o Papai Noel em Abril pedindo ajuda para confortar sua avó (doente em estado terminal) e sua mãe. Para que compreenda melhor, pode pedir para sua filha ler a linda cartinha em voz alta.

A circunstancia me preocupou pois o fato de ela resolver criar uma realidade trágica, associada à morte, para um ambiente familiar mostra uma insegurança anormal. Ao ler a carta perceberá também que ela não mudou o nome da irmã Marta, nem da sua mãe, Inácia; há outros elementos muito significativos que acho que deveríamos discutir.
Gostaria que você viesse ao colégio para conversar comigo e com a psicóloga da escola ela poderá explicar tudo com mais detalhes e propriedade.

Atenciosamente,
Patrícia.