Vou contar pra vocês aquela velha história, da cigarra e da formiga. O que se houve da boca do povo não é totalmente verdade, e estou aqui para revelar os verdadeiros episódios vividos por esses dois ilustres animais.
Dona formiga era muito trabalhadora, já era o meio do verão e ela ainda não tinha parado para dar um passeio, ou repousar numa sombra pra ver a tarde passar. Não, ela não tinha tempo pra isso. Era compenetrada, focava toda a sua energia em carregar folhas para o seu formigueiro. Assim, quando chegasse o inverno, estaria preparada. Fazia um tempo que já tinha o alimento necessário, mas pensava que quanto mais melhor.
Num dia ensolarado, eis que passa por dona formiga uma cigarra cantarolante, dançando e batendo palmas, numa felicidade sem tamanho. A formiga ficou inconformada com aquilo, essa cigarra deveria estar se preparando para o inverno também! “Você deveria ter mais juízo, onde já se viu uma coisa dessas? Cantando por aí, quando deveria estar trabalhando!” A cigarra calmamente argumenta que o verão é pra aproveitar: “a vida é bela, a morte é certa, e o Sol está a brilhar! Por que você não vem comigo e fazemos uma serenata para aquela linda abelhinha da árvore ao lado?” A formiga rapidamente recusa o convite, diz ser um animal sério e não ter tempo para tais coisas. E que, chegando o inverno, a cigarra se arrependeria daquela farra toda. Dona cigarra limitou-se a ter pena daquela pobre formiga, tão estressada em um dia tão bonito. Ela própria já tinha colhido alimento o suficiente para o inverno, e sabia que não era necessário tanto esforço. Seguiu cantarolando.
A formiga, esforçada, juntava todo o seu alimento em um dos aposentos do formigueiro. Foi formando uma imensa pilha de mantimentos. Um dia, chegando carregada como sempre, foi colocar sua colheita diária em cima da pilha. De repente, aquela coisa imensa começou a desmoronar, bem em cima da formiga. Ela ficou desesperada, tudo caía em cima dela, seria soterrada!
Acabou que não se machucou muito, a montanha de alimentos se espalhou e não caiu toda em cima dela. O que teve foi um ataque do coração. Por pouco conseguiu se safar, sendo levada a tempo ao hospital.
Passado o susto, a formiga refletiu sobre sua maneira de levar a vida. Percebeu que aquele excesso de trabalho era desnecessário e estava lhe fazendo mal, ela quase morreu por causa disso. Decidiu mudar.
Pegou a parte realmente necessária do que tinha colhido e guardou. Com o resto, fez um super jantar no formigueiro. Como não podia deixar de ser, a cigarra foi sua convidada especial.
Elas hoje são grandes amigas, vivem fazendo serenatas por aí.
Moral da história: Quem faz do trabalho sua vida, pode acabar sendo esmagado por ele.
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domingo, 27 de junho de 2010
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1 Comentário:
- Lais disse...
-
aii eu sou muito trágica...
comecei a ler e quando vi que esta era, na verdade, a história certa, já comecei a pensar..
a Cigarra acionaria a imprensa no inverno, para denunciar a situação calamitosa daquela floresta..os jornais tirariam fotos da magra e friorenta cigarra, acompanhadas da matéria sobre a pobre cidadã que passava frio e fome nas clareiras, às margens da sociedade.. o mais injusto é que, enquanto isso, a formiga burguesinha se esbaldava com toda a sua fartura, sozinha em sua casa.. esse capitalismo é uma injustiça!!
haahhauhauha
ainda bem que você escolheu um final feliz =)) adorei -
30 de junho de 2010 às 20:17
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