Nem formoso nem chino

quinta-feira, 3 de junho de 2010


Acordei com frio como há muitos meses.
Teria me sentido só não fosse pelo som do violão - não um som qualquer ou um ao qual meus ouvidos já estivessem acostumados. Não cantava as letras dos legionários, nem louvava às gatas extraordinárias - tinha sutaque andaluz, era acompanhado por palmas, vozes chorosas e castanholas. Retornei o extremo onde deixei uma vida de expectativas e sonhos de outros. O que antes era um ato de rebeldia para alguns se transformou em atestado de loucura. Nada imporatava, ninguém e todos me conheciam, tinha a cara de um qualquer que logo partiria. Não mais havia nome, nem papéis. Meu prazer era partir, meu vício eram folha secas de nome de plantas femininas, meu legado na verdade são pequenos gestos, são colares e sorrisos arrancados de pequenas floristas. Sou sombra, viajante, argelino, argentino. Sou ilegal.


Lembranças a um, que se tudo der errado, clandestino querido.