Reflexões sociológicas intinerantes...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010


ficou grande mas ficou divertido... e é um texto que dá pra ler parcelado... Pode parar se der preguiça...

É legal pensar em como um ônibus funciona... Pensa bem: Se fosse aberto um debate entre as pessoas que estivessem dentro de um ônibus... Provavelmente ia ser um quebra-pau, mas um quebra-pau feio feio... Iam ser milhões de opiniões porque existem pessoas de todos os tipos num ônibus. Até uns ricos que, têm carro, mas preferem deixá-lo na garagem para contribuir com o meio-ambiente. Mas não importa quais pessoas entrem num ônibus. Ele não mudaria, de maneira alguma, o intinerário dele... A única opinião que importa de fato é a do motorista...

Essa forçassão de opinião se aplica nas regras do ônibus em geral... Pensa naquela frase de "não fale com o motorista". Se você for um bom frequentador de ônibus, como eu, saberá que o excerto nessecita de uma complementação: "dependendo do motorista..." Tem aqueles que não param de falar a viagem toda! É o homem do volante que tem o controle! Não só do ônibus, mas de tudo! Quem deixa os 'vendedores-evangélicos-de-pincel-de-duas-pontas' entrarem? Ou os 'vendedores-de-bala-mentos-chiclete-pastilha-de-hortelã'? É... Dá pra ver que, no ônibus, Estamos em um regime totalitário... Guiado pelo guia...

Mas não é só o chauffeur que manda nessas regras... Quem é que faz o social com os ônibus vizinhos, gritando e berrando o tempo todo? Quem é que pede pro 'hitler-wannabe' uma 'moral' pra parar um pouquinho antes do ponto para aquele passageiro? Quem é que detém todo o conhecimento de intinerário, ruas, bairros, lojas e bancas de jornal para dar 'aquela' parada rápida? Já deu pra ver, também... Que pelo menos não estamos em um regime monocrático... Mas em um evidente regime MotoTrocadorista.

Um exemplo da influência da bicracia nas regras de etiqueta: Eu estava em um ônibus outro dia, quando um pré-adolescente, lá pelos seus 12 anos, (sim, leitores de 12 anos, eu acho todos vocês uns pré-adolescentes) ligou um som, um pouco alto, de músicas do estilo de racionais. Todos olhavam meio torto pro menino... Mas ninguém falou nada. Eu nem liguei muito, porque já desceria logo no próximo ponto. Mas reparei em algo muito engraçado... Os passageiros meio que olhavam para o trocador, com cara de quem pede alguma providência. Mas o outro nem percebeu... estava lá, absorto, balançando a com o ritmo constante da música. Até repetia uns trechinhos (algo como "em terra de abelha, formiga come sal...") e tudo mais. Quer dizer...Um controle claro das regras de etiqueta, exercido pelo segundo homem do Regime fechado de governo ambulante.

Mudando um pouco de assunto... tem gente que fala que as pessoas de um ônibus tem uma certa identidade, porque têm um destino único. Disso eu discordo, mas eu discordo mesmo, veementemente... Os passageiros não têm um destino único... Mas um caminho único. E nem é tão único assim. Na maioria das vezes, inclusive, é um caminho que 'quebra um galho'... Tem gente que anda 20 minutos até o ponto pra pegar o ônibus e mais 20, depois de descer dele.

Mas esse é um erro muito comum e facilmente explicável... O que acontece, na verdade, é uma identidade nos pontos de ônibus. Porque o determinismo até que funciona um pouquinho... Todo homem é, em parte, um fruto do meio. Pessoas que moram mais próximas, têm paisagens diárias parecidas, situação financeira parecida, podem frequentar a mesma igreja, se forem da mesma religião, enfim. Observa-se uma identidade clara nas pessoas que sobem pela escadinha da frente em uma mesma parada. Nada mais natural...

O que eu adoro ver, falando nisso, são os pontos que 'bombam'... As vezes sobem até 10 pessoas, todas com roupas de um estilo meio parecido, falam com um volume parecido no celular, tentam (ou não) passar as crianças (de 7 anos) pela roleta de um mesmo jeito... Muito engraçado... Tem também os horários! Nossa! Se você tem a vantagem que eu tenho de pegar um mesmo ônibus, mas em horários diferentes durante a semana, vai ver uma coisa muito divertida. As pessoas são outras! O jeito delas é outro, o ar do ônibus é diferente... Sabe aquelas coisinhas que cada um tem e que nem uma ditadura ferrenha Moto-trocadorista poderia segurar? pois é... Elas mudam a cara interna do ônibus. Até a paisagem passa mais rápido ou devagar dependendo do trânsito, os pontos requisitados são outros, enfim... É outra viagem.

Mas o melhor eu deixei pro final... É como um ônibus NÃO É um lugar de socialização. Em primeiro lugar: Alguém, quando entra num ônibus, APENAS EM ÚLTIMO CASO, se senta ao lado de outra pessoa naquelas cadeiras geminadas. É muito divertido... Eu fico me lembrando dos eletrons nos orbitais (será que é isso mesmo?)... Que só entra a setinha pra baixo, depois que todos os quadradinhos têm uma setinha pra cima lá dentro... A teoria devia se chamar "teoria dos estranhos no ônibus" ou, se fosse feita por um marroquino, seria chamada de "Socorram-me! Subi no ônibus com estranhos.".

Em segundo lugar: Quando você, meu leitor homem, se senta ao lado de uma mulher... Ela vira a cara como se você fosse o maníaco do parque... Qualquer coisa não é manifestável dentro de um ônibus... A não ser que você seja um 'taradão' sem noção nenhuma. Eu estava em um busu, há um bom tempo... Lá na cadeirinha do meio, no fundo, quando um casal de adolescentes (14-17 anos, essa informação foi para os leitores de 12, anciosos para deixar a pré-adolescência, na minha escala...), do meu lado direito, começou a dar uns beijinhos... Eu escutei, bem baixinho, no outro lado, uma moça falando pra amiga "nossa... Que desesperados... Beijando num ônibus!" E as duas soltam um riso escondido... Enfim. Quase uma igreja... Ou uma sociedade, daquelas travadonas, controladas pelo coronelismo Moto-trocadorista.

P.S.: Desculpa a falta nos textos... tentei me redimir pegando 2 outros temas que não havia escrito e colocado junto...