domingo, 23 de maio de 2010



Dessa vez tenho um espaço enorme, todinho pra mim. Nenhum formato pra caber, nenhum tema pra seguir. Basta escolher uma foto de qualquer coisa do mundo (que possa ser fotografada, é claro) e bolar um texto em cima dela. Quantas possibilidades. Por enquanto essa foto é só um espaço em branco na minha cabeça, com infinitas ideias preenchendo-o e desaparecendo rapidamente. Aquelas que me agradam mais ficam por um tempo maior, testando se são dignas de estarem ali. Mas logo vão embora também.
Já sei, vai ser uma foto da porta do meu quarto, com um texto sobre o mundo paralelo que crio quando entro ali. Mas talvez isso seja íntimo demais. Ou uma foto dos meus avós na Praça da Liberdade, 60 anos atrás. Eles estão juntos até hoje. Mas quem sou eu pra me dar ao luxo de relatar uma história tão grandiosa? Quem sabe uma foto do buquê da sala, “só pra não dizer que não falei das flores”? Uma foto do infinito estampado no mar? No céu? Uma paisagem campestre e um texto calmo? Um lugar urbano e um texto caótico?
Sabe, acabou de me ocorrer que qualquer escolha que eu fizer vai refletir, segundo os psicólogos, uma parte significativa da minha personalidade. Qualquer decisão será definitiva, e nenhuma parece boa o suficiente. Nenhuma parece conseguir abranger tudo o que quero mostrar. Bom, a verdade é que ainda nem sei o que tenho pra mostrar. As escolhas que eu fizer, pouco a pouco, vão se transformar na escolha de quem eu sou.
Quer saber? Eu não tenho que escolher agora. Prefiro deixar minhas opções em aberto e ir fazendo minhas escolhas com tranqüilidade, ao longo do tempo. Sei que serão muitas.
Essa página em branco fica aí, do jeito que está, representando esse infinito de possibilidades. E aguardando para ser preenchida em um futuro. Próximo ou distante, vai saber.