Carta de Inácia Alvarenga de Lima

quinta-feira, 27 de maio de 2010


10 de maio de 2009
Amana Leninha, mais do que queridas Mamá e Nina, primeiro quero dizer que as amo. Agora posso felicitar a você, minha filha, por ter desepenhado o posto de matriarca da família com tamanha maestria. Não pense que deixei sua vida, não pense que não tenho visto seu esforço em superar a minha partida. Confesso ter ficado insegura por ter de forçá-la a cuidar de tudo sozinha, mas não podia mais prendê-la ao meu lado naquele hospital. Foram muitos meses e na hora de partir eu estava preparada, mas não tinha certeza se você estaria. Nossos queridos Alberto e Fabrício, me acordaram após minha passagem. Seu pai me ajudou a desapegar de meu corpo, e meu genro me convenceu que você estava preparada para seguir sem a minha intervenção. Por muito tempo me mantive ao seu lado, é difícil ver uma filha sofrer, mas é preciso seguirmos nossos caminhos. Receio que essa seja minha última carta, não poderei mais escrever. Criança não chore mais, alegre-se com a chegada de seu neto. Fico feliz com a nova casa, é bom saber que estão confortáveis. Não se sinta culpada por isso. Não tema a solidão nem a morte, pois elas não existem. Ainda nos encontraremos, em outras vidas ou no intervalo delas. Mantenha-se firme em sua fé. Agradeço pelas preces e até mesmo pelas lágrimas derramas. Lembre-se do tempo que passamos juntas e não do dia que nos despedimos. Nina, docinho, você não tem culpa alguma nem mesmo sua prima Alice. Nunca pude agradecer pelos doces de limão que vocês levaram. Obrigada pelo carinho, pelas visitas e conversas enquanto eu dormia. Aos meus filhos do coração, João e Luíz, cuidem-se bem. Estou em paz e em dia com a bênção da reencarnação. Esteja certa, filhinha, que com um beijo de todos os dias serei sempre sua mamãe.
Hoje e sempre
Inácia.